Desde que comecei este blog, que me tenho desafiado a fazer aquilo que me faz sair um pouco (e às vezes muito) da minha zona de conforto. Caminhar sozinha na praia era algo que há pouco mais de um ano para mim era impensável. Hoje é algo que adoro fazer e que desejo fazer com mais frequência.
Tudo começou com uma vontade de mudar aquilo que me impedia de fazer determinadas coisas, como ir à praia sozinha. Se gosto de ir à praia porque não ir quando me apetece e não apenas quando as outras pessoas têm disponibilidade para ir comigo? Não vou falar deste processo, pois falei dele em vários post (aqui, aqui, aqui e aqui), mas posso dizer que hoje é algo que me faz sentir bem comigo mesma.
Mais do que passar tempo na praia, tenho explorado as caminhadas ao longo dos passadiços na praia. Nem sempre faço o mesmo caminho porque gosto de variar e tenho aprendido imensas coisas nestes passeios matinais.
O que tenho aprendido nas minhas caminhadas?
1 – As pessoas procuram conexão
Um dos meus receios em ir passear sozinha era que estivessem sempre a olhar para mim, sentia-me observada e julgada por estar ali sozinha. A verdade é que hoje os papéis inverteram-se. Sou eu que observo as pessoas que passam por mim.
Somos todos muito diferentes. Há quem caminhe, há quem corra, há quem se sente num banquinho a observar o mar. Há os que se vestem para a ocasião como se fossem para uma competição, há os que parece que acabaram de acordar. Há os desportistas, as mães que passeiam os filhos, os turistas de máquina em punho, os observadores de aves com equipamentos enormes, os reformados, as amigas que põem a conversa em dia, os ciclistas que passam por nós a correr e os que passam lentamente. E eu que vou a ouvir os meus audiobooks e palestras e que me vejo a rir sozinha quando os palestrantes ou autores dizem algo divertido.
Mas não julgo ninguém por estar sozinho, simplesmente sorrio e o sorriso é-me retribuído. Nunca imaginei que tal acontecesse tão simplesmente, mas a verdade é que encontro muitas pessoas (sozinhas ou acompanhadas) que me sorriem enquanto caminho. Porquê? Não sei, mas gosto de pensar que, tal como eu, são seres humanos à procura de conexão, de alguém que partilhe os mesmos gostos. E vendo bem, estamos todos a caminhar nos mesmos passadiços, na mesma praia, debaixo do mesmo sol e a enxotar os mesmos mosquitos. E mesmo sendo tão diferentes, temos tanta coisa em comum.
É claro que nem toda a gente sorri, mas normalmente são aqueles que estão distraídos com os seus companheiros de caminhada que ignoram quem passa. Tenho pensado nisso e a verdade é que sempre caminhei, viajei, passeei, fui e voltei acompanhada e nunca prestei atenção a quem se cruzou no meu caminho. Agora que tenho caminhado sozinha percebo que perdi imensas oportunidades de me conectar com as pessoas e estou muito mais atenta, mesmo quando vou acompanhada. E é tão bom receber um “bom dia” e um sorriso de alguém que não conhecemos!
2 – Caminhar não é perca de tempo
Muitas pessoas me dizem que não fazem caminhadas porque não têm tempo. Eu própria, durante muito tempo, achei que não me poderia dar a esse luxo, pois tinha coisas mais importantes para fazer. Tudo isto não poderia ser mais verdade e no entanto tão fácil de se tornar mentira!
Foi preciso algum tempo para eu perceber que, para mim, estas caminhadas são muito importantes para o meu bem estar. Não só faço algum exercício ao ar livre, como vejo pessoas e me conecto com elas. No entanto, apenas estes benefícios não me chegavam. A minha prioridade neste momento é a minha futura actividade profissional e ao caminhar não estou a contribuir directamente para isso. E foi aqui que eu me perguntei: de que forma é que eu posso aproveitar este tempo em que estou a caminhar em prol do meu desenvolvimento profissional?
Foi assim que surgiu a ideia de ouvir audiobooks enquanto caminho e de repente a falta de tempo para caminhar deixou de ser uma desculpa e o caminhar passou a ser uma mais valia para o meu trabalho. Estou muito contente não só com o resultado em si, mas porque percebi que posso criar soluções em vez de problemas e desculpas, e como se diz, “juntar o útil ao agradável”.
E tu? Que actividades te fizeram sair da tua zona de conforto? Que desafios enfrentas hoje? O que te impede de fazer aquilo que gostas?