No segundo dia do meu desafio pessoal, decidi ir à Praia Grande de Pêra. Não sei se foi um pouco batota, pois já cá tinha estado sozinha (na realidade foi a minha primeira experiência antes da minha confissão). Estava à espera que fosse mais fácil por essa razão, no entanto este foi mais um dia de nervoso miudinho. Já devia estar familiarizada com estas sensações, mas a verdade é que continuo a ficar bastante ansiosa antes de sair de casa para um “desafio” destes.
Antes de sair de casa
A ideia era sair de casa por volta das 16h30 pois não gosto de ir quando o sol mais queima. Por volta das 15h já eu andava de um lado para o outro a fazer tempo e sem saber o que fazer. Na realidade tinha várias coisas para fazer, mas comecei a procrastinar mal comecei a pensar que tinha que sair.
Preparei tudo aquilo que queria levar para a praia, certifiquei-me que a bateria do telemóvel estava carregada, vesti o bikini, dei uma olhadela num blog ou dois, procrastinei para aqui, procrastinei para ali e para sair de casa foi um castigo.
Mesmo tendo uma amiga no chat a perguntar-me o que é que eu ainda ali estava a fazer, consegui adiar a minha saída até às 17h.
Este desperdício de tempo incomoda-me e vou ter que pensar como vou mudar isto também.
A minha (quase) desculpa para não sair
Uma das razões ou uma desculpa que quase ia arranjando para não sair de casa, foi o facto de haver um incêndio bastante grande na Serra de Monchique e apesar de estar a cerca de 40 Km de distância, o céu estava negro e havia cinza no ar. Havia fumo por todo o lado, até mesmo dentro de casa (devia ter fechado as janelas…) e os olhos ardiam-me. Mesmo sendo a desculpa perfeita, lá saí finalmente.
Tinha estado na praia no dia anterior (acompanhada) e tinha sido óptimo. Estava calor e a água estava muito agradável. Mas no dia que escolhi ir à praia sozinha a água gelava-me os pés, por isso nem fui a banhos.
Havia muita gente nas dunas a ver as nuvens negras que vinham de Monchique. Armação de Pêra, mesmo ali ao lado, nem se via com tanto fumo.
Definitivamente não escolhi um bom dia para sair sozinha de casa. Até levei uns artigos para ler e não me consegui concentrar pois só pensava no fumo e no vento e na tristeza que era aquele incêndio.
O fim do dia na praia
Havia muita gente a passear na praia. Não estava à espera de tanto movimento em Setembro e de repente apercebi-me que gosto mais de ver pessoas do que não ver ninguém. No meu passeio anterior, tinha-me sentido observada pelas pessoas quando passeava sozinha, mas agora percebo que, enquanto estou parada ali no meu cantinho, sou eu que as observo e não elas.
Tirei algumas fotografias e decidi aventurar-me nas dunas. Nunca me tinha aproximado delas assim, mas não sei se gostei. Gostei da paisagem, gostei de mudar de perspectiva, gostei da vegetação. Não gostei do mau cheiro (as pessoas não deviam usar as dunas como casa de banho), não gostei do lixo e não gostei de me ter picado num pé (havia plantas com picos). Acabei por não estar lá muito tempo, mas fiquei triste por perceber mais uma vez que as pessoas não cuidam do nosso mundo.
Depois andei a fazer experiências de fotografias com o telemóvel e coloquei-lhe os meus óculos de sol para realçar as cores do céu. Não fosse o fogo e o fumo, até estava um fim de tarde agradável.
O que aprendi neste dia sozinha
Apesar de ter levado alguma leitura para me entreter, percebi que gosto muito de tirar fotos e de escrever. São actividades que me fazem reflectir sobre o que estou a ver e a sentir. Fazem-me conhecer um pouco mais de mim.
Acho que vou aprender muito sobre mim nestes passeios sozinha e começo a ficar entusiasmada em planeá-los semana a semana. Já tenho uma lista (que vai crescendo) de lugares e actividades que sei que me vão desafiar, e sinto-me animada por saber que vou usufruir destas experiências (mesmo que isso me custe no início).