No terceiro dia do meu desafio pessoal, decidi ir para a Lagoa dos Salgados observar a natureza. É um lugar que adoro, mas nunca lá estive sozinha. A 5 minutos de carro de casa, não podia ser melhor escolha para mais um desafio.
Nova abordagem para sair de casa
Como na semana passada tinha ficado muito nervosa para sair de casa, resolvi fazer algo diferente e encurtar o tempo de ansiedade. Tinha decidido que iria realizar estes passeios a título de desafio apenas ao fim do dia, pois não queria prejudicar a minha rotina e estava demasiado calor para andar na rua a seguir ao almoço. Mas desta vez decidi que mal acabasse de almoçar teria que sair para não andar feita tontinha de um lado para o outro em casa.
E assim fiz. Mal acabei de almoçar preparei-me para sair. Ainda demorei um pouco (não consegui enganar bem o nervosismo), mas correu muito melhor do que da última vez.
A chegada à Lagoa dos Salgados
Cheguei à Lagoa por volta das 15h40. Apesar do sol brilhar, estava um ventinho que me deixou desconfiada. Sempre fui friorenta e por isso levei um casaquito pelo sim pelo não. Na verdade estava uma brisa tão fresca que nem levei o bikini convencida que não estava bom para fazer praia.
Enganei-me redondamente. Mal saí com o carro da garagem, comecei logo a sentir o quente do sol. Não fosse o vento, estaria um calor dos diabos. Para a próxima levo o bikini na mesma!!!
O abrigo que me deixou parar
A Lagoa dos Salgados tem um passadiço em madeira que une a Praia Grande de Pêra (local do meu segundo dia deste desafio) à praia dos Salgados. Mais ou menos a meio do percurso, existe um abrigo para observação de aves. Costuma haver uma grande variedade de aves na lagoa (para além das gaivotas) e há alturas do ano em que é possível avistar flamingos.
Dirigi-me calmamente para o abrigo depois de ter estado a admirar uma lebre que andava por ali a comer ervinhas. Subi mesmo lá para cima (através de umas escadas de aço) e deixei-me observar a paisagem. Para além da lagoa cheia de aves, é possível verem-se as dunas e o campo de golf dos Salgados.
Tirei algumas fotografias, fiz alguns vídeos e desta vez até selfies tirei. Havia pessoas a passear no passadiço, mas confesso que nem me lembrei delas.
Decidi sentar-me no chão e fechei os olhos. Sentia o vento na cara e parecia que o tempo estava a passar por mim muito rápido. Tentei experimentar um pouco de meditação mas havia demasiadas distracções (aves, pessoas que passavam perto, som do vento) e não consegui uma posição confortável para o fazer. Por isso descalcei-me e deitei-me no chão com a cabeça na toalha de praia que levava na mochila.
Mal me deitei descobri de novo o céu onde dançava um bando de gaivotas, depois fechei os olhos e descansei uns 15 minutos. Foi como se o tempo tivesse parado naquele instante. Se antes sentada (com o vento) o tempo parecia correr, agora deitada (apesar do vento) o tempo parecia parar. Apenas se ouvia o som do vento e das aves.
Adorei este momento de pausa. Se não estivesse com vontade de ir à casa de banho (beber água é no que dá) provavelmente teria lá ficado o resto da tarde.
As minhas reflexões
É nas pausas que realmente percebo o que quero fazer. E desta vez, este momento ajudou-me a descobrir um pouco mais de mim. Estar sozinha na rua é diferente de estar sozinha em casa.
O facto de sairmos da nossa zona de conforto obriga-nos a pensar em coisas que nunca pensámos e a reflectir sobre coisas que nunca fizémos. Penso agora que devia prolongar esses momentos e variá-los de forma a poder conectar-me com mais pessoas.
Parece estranho pois estou a aprender a estar sozinha, mas ao mesmo tempo quero conhecer pessoas. Na realidade, acho que as pessoas que andam sozinhas têm muito mais oportunidades de conhecer pessoas novas, apenas precisam de estar atentas. Quando estamos com um grupo de pessoas já conhecidas estamos focados nesse “grupo” e não estamos atentos às pessoas / oportunidades que nos rodeiam.
Outra situação que me apercebi é que tenho andado tão ocupada com a rotina (falarei deste assunto noutro artigo) que me impus que acabo por não ter tempo para o que considero realmente importante. Começo a pensar que devo aproveitar melhor os meus dias a fazer coisas que gosto e que me aproximem mais dos meus objectivos (procurar/criar um trabalho que seja a minha vida). Para isso vou ter que rever novamente todas as minhas prioridades e refazer a minha rotina diária.
A lição que aprendi neste dia
A verdade é que cada vez mais me apetece viver estes momentos e estou a pensar prolongá-los mais um pouco, talvez uma tarde inteira.
Para além de me ajudarem a descobrir mais de mim, estes momentos ajudam-me a ver com mais clareza os meus objectivos e desta forma consigo encontrar motivação para continuar o meu percurso.
Tenho cada vez mais consciência que quero aproveitar melhor os dias e que vai ser desta forma que conseguirei encontrar o que procuro – um trabalho que seja a minha vida.