O Que Aprendi A Dançar – Parte 1: Dança Oriental

O que eu aprendi a dançar Dança Oriental

Ultimamente tenho-me dedicado bastante à dança. Para quem não sabe, dou aulas de Tango Argentino no Algarve com o meu namorado e para além de dançarmos tango também gostamos de dançar Salsa Cubana. Portanto para além de ensinar a dançar Tango Argentino, também tenho aulas de Salsa e continuo a aprender Tango sempre que posso.

Sempre gostei de dançar e desde pequena que o faço. Tive aulas de Ballet e depois andei na Ginástica Rítmica. A escola e a faculdade fizeram com que parasse com esta actividade, mas não nunca perdia uma oportunidade (ida à discoteca ou convívio com os amigos) para dançar.

Já adulta voltei às danças e com elas tenho evoluído bastante quer ao nível físico (dançar faz bem ao corpo) quer ao nível pessoal (dançar faz bem à mente).

Há uns tempos, li um artigo do blog Mentecapto sobre o que se aprende no Ballet (podem ler o artigo aqui). Este post fez-me reflectir sobre o meu percurso na dança e como influenciou a minha vida. Por isso decidi partilhar o que aprendi em especial com duas danças bem diferentes: a Dança Oriental e o Tango Argentino. Neste artigo vou falar apenas da Dança Oriental e no próximo vou desenvolver o tema do Tango Argentino.

A minha primeira experiência com a  Dança Oriental

A Dança Oriental foi-me dada a conhecer por uma colega de trabalho. Depois de ter feito um pequeno workshop, decidi conhecer melhor esta dança e inscrevi-me nas aulas regulares.

As primeiras aulas foram um choque, pois a turma já estava muito avançada e eu sentia-me uma tontinha a tentar apanhar os movimentos que a professora e as minhas colegas iam fazendo. Felizmente a minha professora era excelente e eu lá fui absorvendo todas as explicações detalhadas que ela dava.

É sempre importante acreditar que se consegue. E quando isso acontece podemos até surpreendemo-nos e superarmos as nossas expectativas. Foi o que aconteceu comigo e com esta dança.

História e Cultura

Foi graças à Denise (a minha professora) que fiquei a conhecer uma parte da história da dança que desconhecia e um pouco mais da cultura árabe e das suas danças, em especial da dança folclórica egípcia. Não vou especificar o que aprendi, mas posso dizer contribuiu para me abrir os horizontes, dado que é algo que não conhecia e que é pouco ou nada divulgado.

Também aprendi imenso sobre a música árabe e os seus instrumentos tão diferentes dos usados na cultura ocidental. Adorei aprender os diferentes ritmos e sons e tudo isso contribuiu para o desenvolvimento da minha cultura musical.

Não esperava aprender tanto sobre história e cultura através da dança, no entanto são estas experiências muitas vezes inesperadas que nos enriquecem e que tornam a vida mais interessante.

Equilíbrio e Postura

Como qualquer dança, a postura correcta é essencial para a boa execução dos movimentos e para o nosso equilíbrio. Neste caso, a Dança Oriental veio contribuir para o meu bem estar, pois ao fim de algum tempo comecei a perceber que andava mais direita e que sentia mais necessidade de corrigir a minha postura sentada.

Por consequência, o meu equilíbrio também melhorou. Aprendi a dar voltas sem ficar tonta e a ter mais densidade e consciência dos meus passos.

Criatividade

A criatividade é algo que é normalmente estimulado em qualquer tipo de dança individual. A Dança Oriental não é excepção.

Na Dança Oriental os nossos movimentos são a tradução dos sons da música. A música árabe é riquíssima em termos de instrumentos, ritmos e dinâmicas, tornando a interpretação da dança algo singular. Cada bailarina tem o seu estilo e o seu toque pessoal e nas aulas de Dança Oriental conseguimos aprender as ferramentas necessárias para explorar e criar a nossa própria dança.

Foi sem dúvida uma experiência muito enriquecedora pois fez-me desenvolver a minha criatividade ao nível da coreografia e da improvisação. À medida que fui evoluindo, mais movimentos ia descobrindo e mais formas de interpretar a música ia criando.

Gestão do Espaço

Depois de adquirir alguma experiência, comecei a fazer algumas coreografias e isso exigiu que eu percebesse melhor o espaço que tinha para dançar e medisse melhor os meus passos ao percorrê-lo.

Para dançar em palco ou noutro espaço qualquer, é bom saber como nos adaptar ao que existe à nossa volta. Não faz sentido dançar apenas de um lado do palco, ou dançar sempre no mesmo sítio. Se o público estiver à nossa volta também devemos dirigir-nos nas várias direcções para que haja maior interacção entre quem está a ver e quem está a dançar.

Todos estes detalhes começaram a fazer parte da minha dança e com isso fui aprendendo a gerir o meu espaço envolvente.

A minha maior aprendizagem

Quando me inscrevi nas aulas, nunca me passou pela cabeça que esta actividade me viesse a desenvolver em tantas áreas, muito menos em relação ao meu desenvolvimento pessoal.

Como sabem (se não sabem podem ler aqui), sempre me senti desconfortável em situações que me são desconhecidas e em especial se as tenho que encarar sozinha. Agora imaginem-me a dançar num palco sozinha! Pois é, mas aconteceu e essa foi uma das maiores aprendizagens que esta dança me trouxe.

Perceber que não preciso de ter medo de estar em palco, enfrentar um público, lidar com o improviso foram ensinamentos que ficaram enraizados e que mudaram a minha forma de pensar e de estar. Desde essa altura que tenho mais confiança em mim e sinto-me mais segura quando estou com outras pessoas.

Também vejo o falhanço de outra forma. Na dança, e em tantas outras áreas da nossa vida, falhar faz parte. Quantas vezes me enganei e fiz outro movimento qualquer que não estava coreografado? Várias. E quantas vezes o público percebeu que eu me tinha enganado? Se estivesse a actuar sozinha, ninguém se apercebia; se fosse em grupo, mesmo assim era raro perceberem. Isto porquê? As pessoas estão ali para se divertirem e ver dançar. Se estivermos sempre a sorrir enquanto dançamos, é tão contagiante que ninguém se apercebe do erro.

É muito fácil eu criticar-me e ser exigente comigo mesma, mas desde essa altura que penso que às vezes as coisas acontecem apenas na minha cabeça. Apenas tenho que dar o meu melhor, estar presente e sorrir. Se fizer tudo isto, acredito que mesmo que falhe em algum momento, isso só irá contribuir para eu ser melhor da próxima vez que tentar. E não importa o que as pessoas pensam, porque muitas das vezes o mais provável é as pessoas nem darem conta do meu erro. E tudo isto eu tento aplicar em várias áreas da minha vida!

Que lições permanecem na minha vida

Com a Dança Oriental aprendi várias coisas e foi uma experiência tão importante que algumas delas são aplicadas no meu dia-a-dia:

  • Não devemos desistir perante algo que nos parece difícil.
  • Existe toda uma história e toda uma cultura por detrás de qualquer dança que deve ser entendida e respeitada para melhor conseguirmos viver essa dança.
  • Devemos dançar para nós, como se ninguém estivesse a ver. O mesmo acontece com a nossa vida: devemos vivê-la para nós, sem medo do que os outros irão pensar.
  • Devemos experimentar coisas diferentes, pois podem ser agradáveis surpresas.

E tu? Alguma vez fizeste uma actividade que te surpreendeu ou ensinou algo que não estavas à espera?

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