É fácil saber quando não estamos satisfeitos com a nossa vida, quando não somos realizados no que fazemos. Sentimo-nos frustrados e somos constantemente desencorajados pela sociedade, pelos amigos, pelos colegas de trabalho, pela família, por nós mesmos. Estamos repetidamente a pensar que algo devia ser feito, que algo devia mudar. Damos desculpas.
Gostávamos que as circunstâncias fossem outras, no entanto há sempre uma “boa desculpa” para se adiar ou nada se fazer. São desculpas que damos aos outros e desculpas que damos a nós próprios.
O ser humano é super criativo no que toca a “inventar” desculpas. Todos nós já passámos por isso, todos nós já usámos várias desculpas. E confesso, também eu me dou conta a usar desculpas para adiar o que me é desconfortável. Aquelas desculpas mais comuns são:
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“Não tenho tempo”;
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“Não sei se consigo”;
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“Não tenho dinheiro”;
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“Não sei o que fazer ou o que mudar”;
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ou simplesmente “Agora não”.
#1 “Não tenho tempo!”
Muitas vezes estamos dispostos a trabalhar mais horas para algo que nem gostamos. No entanto, não estamos dispostos a pensar durante umas horas no que poderíamos mudar na nossa vida. Trabalhamos mais e despendemos tempo extra em tarefas que não contribuem para a nossa felicidade. Em contrapartida, não arranjamos tempo para as coisas que nos podem dar mais prazer ou que nos podem fazer mais felizes.
Não é tempo que nos falta. O que nos falta é definir as nossas prioridades. Uma lição que aprendi no meu percurso como coach de produtividade, é que temos tempo para aquilo que for mais importante para nós. Muitas vezes falta-nos apenas parar para identificar as nossas prioridades e agir em conformidade.
Uma das formas que uso para evitar este tipo de “desculpa” é questionar-me se realmente a falta de tempo é uma realidade ou se realmente é importante para mim aquela ação. Quando me ouço dizer “Não tenho tempo”, de seguida pergunto-me porquê e se aquilo é realmente importante para mim. E na maioria das vezes percebo que: se é importante, arranja-se sempre uma solução.
#2 “Não sei se consigo”
Muitas vezes dei esta resposta/”desculpa” sem pensar. Dizemos que algo é difícil sem sequer o tentarmos fazer e assumimos que não somos capazes.
Sei que aquilo que nos impede neste ponto é o medo de falhar. Mas o que é que acontece se nunca tentarmos, se nunca experimentarmos? Na verdade não existe falhar. Existe aprender e ajustar estratégias. Quem nunca falhou, de certeza que nunca saiu do mesmo lugar. E o que é isso senão falhar?
Eu acredito que somos capazes de tudo aquilo com que realmente nos comprometemos. Se queremos muito realizar uma determinada ação, apenas precisamos de simplificar o processo e agir. E se “falharmos”, é sinal que irá ser melhor da próxima vez.
#3 “Não tenho dinheiro”
Esta é a “desculpa” mais sensível. É aquela que aparentemente não tem solução e nos faz desistir de sequer pensar sobre o assunto. Mas será que precisamos de dinheiro para dar o primeiro passo para mudar seja o que for na nossa vida? Acredito que não.
Para mudar de vida é necessário saber o que queremos mudar e saber quais as várias etapas para lá chegar. Para isto não precisamos de dinheiro. E podem perguntar-me: então e depois? O depois só saberemos quando fizermos o nosso plano, quando soubermos as várias etapas que temos que passar.
É nessa altura que vamos ter consciência do que é preciso para alcançar os nossos objetivos. É nesse momento que poderemos criar e investigar soluções para cada etapa.
O importante é planear, explorar alternativas e dar o primeiro passo.
#4 “Não sei o que fazer ou o que mudar”
Se não sabemos o que queremos fazer, então o primeiro passo é descobrir. Descobrir o que gostamos, o que não gostamos, descobrir o que queremos e o que não queremos, descobrir quem somos e o que gostaríamos de ser. Devemos ter curiosidade e experimentar os vários caminhos e aprender a cada passo.
E se estamos numa fase em que até sabemos exatamente o que queremos mas não sabemos como lá chegar, então ainda é mais fácil. É procurar quem já o tenha feito, e simplesmente perguntar como fez para lá chegar.
#5 “Agora não”
Estamos constantemente a adiar as decisões mais importantes. Eu própria adiei decisões demasiado tempo. Há quem nunca chegue a tomá-las. Se queremos realmente mudar as nossas vidas, o momento para o fazer é agora. É agora que a nossa vida está a acontecer e é agora que devemos investir no que mais gostamos de fazer.
Se passarmos a vida a adiar tudo o que gostaríamos de fazer, vamos chegar ao fim da vida sem ter nada feito.
Em resposta ao “Agora não”, faço a pergunta “E porque não agora?”.
Se ficarmos à espera que algo aconteça, muito provavelmente não vai acontecer nada. No entanto, se dermos o primeiro passo e a partir daí formos consistentemente realizando ações que nos permitam chegar onde queremos, temos boas probabilidades de ser bem sucedidos. Apenas precisamos de dar o primeiro passo, e é AGORA.
Pôr de lado as desculpas
Mesmo quando não se tem tempo, não se tem dinheiro e não se sabe o que mudar, a solução é agir: é dar o primeiro passo. E este passo pode ser tão simples como descobrir ferramentas para gerir melhor o tempo, ou procurar outras oportunidades, ou experimentar coisas novas, ou conhecer pessoas diferentes, ou melhorar as nossas capacidades.
Estou convencida que a maioria das pessoas permanece paralisada, vendo a vida passar sem agir pois têm medo do desconhecido, têm medo de falhar ou não têm a certeza sequer do que querem fazer.
Também eu tenho medo do desconhecido. Também eu não sei o que irá acontecer no futuro. Também eu tenho medo de falhar. No entanto, não deixo que nada disto me impeça de agir.
Hoje em dia existem tantos livros, tantas ferramentas, tantos cursos online, tanta informação que podemos usar para melhorar as nossas condições, que chegam a ser ridículas as desculpas que damos para adiar a nossa vida. O mais provável é daqui a uns anos pensarmos que devíamos ter feito qualquer coisa para mudar e agora estamos arrependidos de não o termos feito.
Posto isto, vais ficar a ver a vida a acontecer ou vais dar o teu primeiro passo rumo à vida que desejas? Qual é a tua desculpa?
a falta de tempo parece ser um mal comum mas na verdade o que falta é uma boa gestão de prioridades. Pessoalmente a experiência diz-me que quando há vontade, o tempo encontra-se sempre.
Quanto às outras desculpas, a espera do momento certo e a dificuldade são as que mais me desafiam.
um beijinho,
Silvia
Obrigada pelo teu comentário. É verdade que quando há muita vontade, encontra-se tempo. Mas às vezes temos as prioridades mal definidas e acabamos por dar a desculpa do não ter tempo para coisas que gostamos muito de fazer. Isso já me aconteceu algumas vezes. Não tinha pensado nas desculpas como desafios, mas é bem visto! São bem desafiantes! Bjs