Aprender A Estar Sozinha #Dia 1

Aprender a estar sozinha # Dia 1

Na semana passada escrevi Uma Confissão Que Me Vai Fazer Mudar. Comprometi-me a escolher um lugar, ir até lá, tirar fotos e partilhar a minha experiência nesse sítio onde fui aprender a estar sozinha. Conforme prometido segue-se a descrição desse momento.

Inicialmente tinha planeado ir à praia, mas tive que me deslocar a Lisboa e portanto houve alteração de planos. Decidi então passear um pouco pelos jardins do Parque das Nações.

A saída de casa

Ainda não tinha saído de casa e já estava tudo a correr mal. Não estava a contar almoçar sozinha e, em vez de ajustar o meu plano e ir almoçar fora comigo mesma, fui comprar uma sandes e umas empadas duvidosas para comer em casa. Fiquei chateada por não conseguir aproveitar esta oportunidade de fazer algo diferente sozinha. Se tivesse sido planeado provavelmente tinha ido, mas como era algo espontâneo não consegui.

Depois veio a hora da procrastinação. Andei pela casa a inventar coisas para fazer antes de sair. Acho que até já estava aborrecida de tanto inventar. Lavei a loiça, vi os emails umas 10 vezes, fui ver se tinha notificações no facebook umas 20 vezes, fui colocar um pouco de maquilhagem, revi as coisas que tinha dentro da mala para ver se não me esquecia de nada, arrumei umas coisitas, olhei para o relógio vezes sem conta… Até que tive mesmo que sair, senão já não ia dar tempo para estar no jardim.

Finalmente saí de casa. Confesso que senti um friozinho na barriga e andei até ao jardim com passo acelerado. Quando ando sozinha sem nenhum objectivo concreto, parece que todas as pessoas me estão a observar. É estranho! Como ia sozinha e a pensar que estava sozinha, parecia estar tudo a olhar para mim. No entanto, ninguém olhou. Eu reparei que ninguém olhou.

Aprendendo a estar sozinha

Quando cheguei ao Jardim do Passeio dos Heróis do Mar e comecei a caminhar em direcção ao Vasco da Gama não vi ninguém. Foi muito estranho, mas por momentos não havia ali ninguém a passar. De repente as pessoas que me estavam supostamente a observar desapareceram. Foi como se estivesse sozinha no mundo. Isto de estar mesmo sozinha também não me agradou! Parecia um complô contra mim. Enfim, tudo a ajudar! Felizmente apareceram uns miúdos a andar de bicicleta e essa sensação morreu ali.

Comecei a pensar o que é que ia fazer ali sozinha. Já aqui tinha passado umas horas sozinha, mas foi um dia em que levei um livro, música e o tablet com imensas distracções para não me sentir sozinha. Hoje o objectivo era estar comigo e por isso não levei nada planeado para fazer.

Decidi tirar umas fotografias com o telemóvel. Estava um dia bonito de Verão, com calor e uma brisa simpática, e a fotografia também me ajuda a concentrar no momento. Claro que penso não sei quantas vezes que as pessoas estão a olhar para mim e apesar de levar o stick das selfies, não fui capaz de tirar nem uma selfie. Limitei-me às fotos normais. Talvez uma próxima vez!

Depois sentei-me um pouco num banquinho e achei que devia escrever os tópicos das coisas que estava a sentir para não me esquecer de nenhum detalhe. Ultimamente tenho andado com um bloquinho na mala onde aponto todas as ideias importantes para o blog. Tem sido um excelente recurso.

Caminhando pelo Parque das Nações

E agora? O que fazer? Terminada a escrita, observei as pessoas que passeavam por ali. Havia muitos velhotes sentados nos bancos de jardim (uns sozinhos e outros acompanhados) e algumas pessoas a praticar desporto. Mais à frente e quanto mais me aproximava do shopping, vi mais famílias, casais de namorados e jovens em grupo (alguns claramente a caçar pokemóns).

Continuei a aproximar-me do Centro Comercial Vasco da Gama e continuei a observar as pessoas e a tirar fotografias. No caminho tive vontade de andar de teleférico mas para além de achar caro, achei que ia morrer de calor na cabine. Acabei por me distrair e o tempo voou. Quando cheguei ao shopping tive vontade de continuar a caminhar até ao Oceanário, mas já estava a ficar tarde e tinha que voltar.

O caminho de volta foi mais rápido e apressado porque já se fazia tarde, e com o calor que estava não me soube nada bem. Cheguei a casa estoirada e com vontade de dormir uma sesta. Descansei 10 minutos e teve que chegar, pois tinha um compromisso logo de seguida! Tinha terminado o meu primeiro dia deste desafio. Começou mal, mas acabei por gostar. Acho que é uma questão de hábito, pelo menos assim espero.

Agora que estou a escrever esta primeira experiência apercebo-me que o facto de não ter levado nada para fazer, obrigou-me a apreciar melhor as coisas e a observá-las com outros olhos. Esta foi a lição que me trouxe este passeio. Espero poder vir a aproveitar mais as próximas experiências.

E tu? O que achas deste meu desafio pessoal? Partilha aqui a tua opinião e as tuas sugestões pois são muito importantes para mim.

11 comentários em “Aprender A Estar Sozinha #Dia 1

  1. Jóni Oliveira comentou:

    Idêntifico-me bastante com esses relatos… bastante mesmo 😀 Ah, conheci-te agora por teres comentado no meu video, curti muito o nome do teu projeto e vim dar um salto aqui para ler um pouco.

    Eu geralmente ando sempre focado, pelo menos em pensamento no que quero e tal, mas raramente dá match com o que estou a fazer no momento, qualquer lugar que vou perco me a prestar atenção a pormenores muito estranhos, geralmente a fazer as contas de quanto o senhor da banca de jornais da frente consegue lucrar em 1 dia, com x clientes em determinado de tempo (coisas desse tipo ahahah). Mas nos dias de stress é terrível, seja la para onde for que eu olhe e tente prestar atenção parece que atraio aquelas pessoas mesquinhas que ficam a fazer comentários da vida alheia , mas pronto, são coisas da minha cabeça acredito eu 😀

    • Susana comentou:

      Olá Jóni.
      Obrigada pelo teu comentário. Desde que escrevi este artigo que têm aparecido muitas pessoas que se identificam com este tipo de situações. É bom saber que não estamos sozinhos e que não somos os únicos a ter “macaquinhos na cabeça”. Penso que ao partilharmos estas experiências os “macaquinhos” vão desaparecendo.
      Obrigada mais uma vez pela partilha.
      Bj Susana

  2. Fátima Teixeira comentou:

    Olá Susana! Apesar de estar vivendo no Canadá, passando um momento temporário no Brasil e ter vivido em Braga durante uns bons anos, eu sou alfacinha! Então, até terminar a universidade tenho excelentes memórias de Lisboa, especialmente do Parque das Nações para onde eu ia com muita regularidade. Sempre sentava num banquinho, perto do rio, apreciando a paz apenas. Depois, o shopping era apenas a passagem para apanhar o metro e regressava a casa feliz.
    Estes pequenos passeios são necessários, sobretudo quando precisamos refletir, procurar respostas, encontrar soluções. Como a vida muda!
    Tens um cantinho muito bonito! Vim agradecer a tua passagem pela minha página.
    Um beijinho!!!

    Fátima Teixeira
    http://www.masterofsimplicity.com

    • Susana comentou:

      Obrigada Lina pelo teu comentário.
      Concordo contigo. E ver as coisas de outra perspectiva ajuda-nos a tomar melhores decisões.
      Um beijinho

  3. Marli Neves comentou:

    Tão bom caminhar contigo nesta tua caminhada “sozinha”. Percebo perfeitamente tudo aquilo que me dizes! Por vezes tenho vontade de ir para um jardim ler um livro mas tenho medo de parecer uma esquisita então não vou. Acho que tenho que mudar isso!

    Marli, do My Own Anatomy ♥

    • Susana comentou:

      Olá Marli. Obrigada pela tua partilha.
      Cada vez mais pessoas me dizem que sentem o mesmo. O que é que te impede de experimentar ir para um jardim da tua escolha e ler um livro? Vais adorar! Tenho aprendido bastante com este desafio e na verdade o que custa mais é o primeiro passo. Depois de estarmos no lugar que escolhemos a fazer aquilo que quisermos é mesmo muito bom. Não percas oportunidades! Então? Vais experimentar? Depois diz-me como correu 😉

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