Porque Gosto Tanto de Dançar?

Porque gosto tanto de dançar?

Porque gosto tanto de dançar? Há tempos fui a um festival de tango em Lisboa e um amigo falou-me num blog de tango que eu não conhecia. Uma das curiosidades desse blog é que num dos artigos o autor partilha a sua experiência e insight acerca do que o tango faz sentir às pessoas (fica aqui o link para os mais curiosos). Ele perguntou a várias mulheres o que é que gostavam mais no acto de dançar e obteve respostas inspiradoras.Nesse dia perguntei a todas as pessoas com quem dancei porque dançavam tango. Ao contrário do que eu esperava, todos tinham respostas diferentes e únicas. Isso fez-me pensar na minha própria resposta: porque é que gosto tanto de dançar? o que é que a dança me traz? E como a escrita é sempre onde encontro as melhores respostas decidi fazer um post que hoje partilho aqui no blog.

Para quem não me conhece, eu adoro dançar. Danço todas as semanas socialmente com amigos (salsa, bachata, kizomba e semba) e dou aulas de tango argentino uma vez por semana. O tango é sem dúvida a dança que mais me apaixona, no entanto não vou aqui explorar o que gosto em cada dança, nem qual gosto mais, mas sim o que a dança no geral me dá. Porque gosto tanto de dançar?

As 5 Razões Principais

1. Diversão – esta é a resposta mais óbvia para mim. A dança traz-me muita alegria, divirto-me muito a dançar. Proporciona momentos de convívio. É um excelente meio para conhecer pessoas novas. 

2. Alívio de stress e relaxamento – depois de uma semana de trabalho ou quando estou preocupada com alguma coisa, a dança é o melhor dos remédios.

3. Conexão – quando danço sinto-me conectada com as pessoas. Claro que não sinto conexão com todas, mas quando isso acontece é mágico e inexplicável. Posso dizer que é mais comum no tango (e é isso que me apaixona) e é muito raro sentir conexão noutras danças. No entanto, tento sempre em cada dança procurar essa sensação e para isso entrego-me totalmente ao momento. 

4. Dar – dou muito de mim aos outros através da dança. E já percebi que isso se sente da outra parte e isso é mágico. Quando danças com alguém, conhecido ou não, e essa pessoa depois disso se sente melhor é mesmo indescritível.

5. Aumento da minha zona de conforto – descobri há pouco tempo que para dançar tenho que fazer coisas que me tiram completamente da minha zona de conforto. Nunca tinha pensado nisto e a verdade é que são mesmo muitas coisas e a recompensa é, no final, a dança.

E afinal o que me põe tão desconfortável?

Um monte de coisas!!! Começa por ir sozinha para um espaço onde se dança, sem saber quem lá vai estar. No início havia sítios onde não conhecia ninguém e era muito desafiante. Agora já vou conhecendo melhor as pessoas, mas levou meses a ‘partir pedra’. A minha zona de conforto aumentou e vai continuar a crescer pois há tantos espaços que ainda não conheço. Pode não parecer um grande desafio, mas lembrem-se que eu nem à praia ia sozinha.

Depois de chegar ao destino normalmente espero que alguém me convide para dançar. Neste momento já convido directamente algumas pessoas que já conheço mas demorou mais de um ano para me sentir à vontade para o fazer. Ainda assim, há noites que consigo fazê-lo mais naturalmente e outras em que me custa ou nem sequer tento. Convidar alguém que não conheço para dançar é um desafio. Já o fiz várias vezes, mas ainda não as suficientes para me sentir confortável com isso. É um dos meus desafios para este ano.

E depois há ainda o medo de falhar e o medo da rejeição. Vais dançar com alguém que não conheces e muita coisa pode acontecer. Podes-te enganar no passo; podes não te sentir à vontade a dançar com aquela pessoa; a pessoa pode dizer que não quer dançar contigo; etc. Penso que as pessoas normalmente até gostam de dançar comigo e já mo têm dito várias vezes. No entanto, há sempre dias em que o nosso mindset não é o melhor e os pensamentos negativos começam a aparecer.

Exemplos

Imaginem que alguém dança toda a noite com todas as pessoas e eu sou a última. ‘Será que quer mesmo dançar comigo?’ ‘Será que sou a que sobrou?’ E depois a minha mente justifica: ‘Não sejas tola, simplesmente calhou. Também não fizeste nada que desse a entender que querias dançar com aquela pessoa’. No limite a responsabilidade é sempre minha. Quando não me deixo dominar por pensamentos negativos, danço a noite toda com toda a gente. Essa é uma aprendizagem valiosa: se não fazes nada para acontecer, então não acontece.

Outro exemplo: numa noite fui dançar com um rapaz com quem nunca tinha dançado. A meio da música ele agradeceu e largou-me. Fiquei para morrer (quase me vieram as lágrimas aos olhos). A minha mente atolou-se de pensamentos: ‘será que ele não gostou de dançar comigo?’ ‘estive assim tão mal que não deu para esperar pelo último compasso?’. E de repente o moço apareceu e pediu-me desculpas porque pensou que a música tinha mesmo acabado. Senti um alívio gigante, mas o medo desta sensação se repetir está lá. E penso que não serei a única a sentir isto.

Acredito que isto se passa também com outras pessoas e não só mulheres. No entanto, não se fala muito nisto. Afinal de contas falar de medos e inseguranças não é para todos. Uma coisa é certa, passo a passo eu vou conquistando cada vez mais confiança em mim. E estou cada vez mais empenhada em ultrapassar esta barreira.

E então porque insisto em dançar se isso me deixa tão desconfortável?

Primeiro porque adoro mesmo dançar e segundo porque o desconforto me faz crescer e torna-me mais forte. A mente é um lugar complicado e quanto mais me conheço, melhor consigo combater os pensamentos negativos que são normais de aparecerem. Todos temos pensamentos bons e maus, é algo que não se controla. No entanto, podemos escolher como reagir a esses pensamentos e é nisso que eu trabalho quando vou dançar. Não o faço todas as noites, mas sempre que me sinto confiante quebro barreiras que não imaginava ultrapassar. E sabem uma coisa? É uma sensação maravilhosa e nunca como se imaginou.

E vocês? Também se deparam com situações semelhantes? Como fazem para ultrapassar pensamentos limitadores?

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